domingo, 15 de novembro de 2009

Maranhão / Saúde


Caxias registra 226 novos casos de Aids
Apenas 80 pacientes são caxienses, os demais são de cidades que fazem parte da macrorregião de saúde.

CAXIAS - Pelo menos 226 pessoas examinadas de janeiro a outubro deste ano pelo Centro de Testagem e Aconselhamento em Caxias (CTA) são portadoras do vírus HIV, mas a coordenadora do centro, Maria José Ferreira, é categórica ao afirmar que nem todos os portadores estão doentes e que o número de casos não aumentou em comparação ao ano passado.


“É muito diferente ser portadora do vírus e estar doente. Tem diversas pessoas que são soropositivo para o HIV, mas não desenvolvem a doença. E tem mais: há casos em que o portador do vírus não precisam nem tomar a medicação para controlar os sintomas da Aids”, informou a coordenadora do CTA.


Entre os portadores do vírus, grande parte são mulheres. O que mais chama a atenção é que o CTA atende muitas pacientes para exames. Tanto que diversas cidades, da macrorregional de saúde ou até mesmo fora dos limites dela, são atendidas pelo centro de Caxias.


“Hoje, vem gente de Codó, Pedreiras, Capinzal do Norte e até de Lago da Pedra, que não faz parte da regional de saúde. É um absurdo, mas acontece e esses pacientes vêm porque em suas cidades não há tratamento para Aids. Nós não mandamos ninguém de volta para casa. Nós atendemos a todos eles. Somente de Coelho Neto são 40 pessoas atendidas no CTA caxiense”, destacou Maria José Ferreira.


Tratamento - Maria José Ferreira disse que, “desse total de novos casos detectados pelo CTA, apenas 80 são de Caxias. Os demais são de outras cidades, mas são contabilizados no município porque é aqui que eles fazem o tratamento e é da rede pública de saúde que eles recebem a medicação”.


Sem casa de passagem - a que existia atendeu pacientes por apenas oito meses e por uma briga interna foi fechada - é na residência de um dos soropositivo que as pessoas portadoras do HIV de outras cidades encontram abrigo.


“Nós ajudamos essas pessoas também com a doação de cestas básicas, ajudamos no pagamento do aluguel, no pagamento das contas de água e de luz. É a nossa forma de ajudar as pessoas que vêm de outra cidade em busca de tratamento”, informou a coordenadora.


O tratamento não é composto apenas com a distribuição de remédios. Na sede do CTA, funciona o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), onde os portadores do vírus dispõem de serviço direcionado, exclusivamente, para eles com acompanhamento médico, odontológico, ajuda de psicólogos e assistentes sociais.


Diferencial - O SAE funciona há mais de um ano e é o diferencial entre os pacientes de Aids, que ainda não podem ser curados, mas sabem que podem ter mais qualidade de vida se bem tratados e livre de preconceito.


Por ser um órgão que visa ao combate à discriminação, os pacientes que buscam o CTA não são identificados pelo nome, mas por um código, para que eles se sintam mais à vontade para falar sobre a doença, fazer o teste e procurar tratamento.


Atualmente no CTA são realizados mais de mil exames mensais. Maria José Ferreira destacou que a maior conquista do órgão é que hoje não são apenas as grávidas as que mais fazem exames.


Dicas


- Em Caxias funciona o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) onde são atendidas 200 pessoas portadoras do vírus HIV


- O exame em grávidas, preconizado pelo Ministério da Saúde, deve ser realizado no terceiro e no oitavo mês de gestação.


- Somente na Parada da Diversidade, realizada no dia 10 de outubro deste ano, foram distribuídos 10 mil preservativos.


Projeto visa orientar sobre o HIV


Quem tem seus filhos pela rede pública municipal, mesmo que não tenha comparecido ao Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) durante o pré-natal, não fica sem fazer o teste de HIV. É graças ao Projeto Nascer que o teste rápido é feito nas gestantes na hora do parto na Maternidade Carmosina Coutinho.


A coordenadora do CTA, Maria José Ferreira, explicou que um grupo de enfermeiras foi treinado para realizar o exame, no qual são submetidas todas as gestantes que não apresentam o documento na hora do parto. É por causa dessa iniciativa, aplicada há mais de um ano, que muitas mulheres deixam de contaminar seus filhos durante e após o parto.


“Se o exame for feito minutos antes do parto, é possível que consigamos adotar todas as medidas necessárias para que o bebê não seja contaminado, principalmente no ato da amamentação. As funcionárias da rede de saúde foram preparadas para isso”, observou a coordenadora.


A mãe deve ser orientada a não amamentar o recém-nascido e a lactação deve ser inibida. Substitutos do leite materno devem ser instituídos, é por isso que na maternidade também funciona um banco de leite, para ajudar também em casos como este.


Durante a gestação, a mulher é acompanhada pelo obstetra.


Descentralização é uma das armas de combate à doença


Serviço de prevenção e orientação sobre o HIV é levado até a zona rural caxiense


Caxias - Para combater o vírus HIV não basta apenas campanhas publicitárias, é preciso ir além da informação e é isso que o Centro de Testagem e Aconselhamento de Caxias tem procurado fazer. O serviço agora não fica mais centralizado em um único local, a sede do órgão, situada na Rua Professora Ana Correia, centro da cidade, mas em todos os bairros.


Maria José Ferreira, coordenadora do CTA, explicou que atualmente o preservativo é encontrado em todos os postos de saúde da rede pública e ao contrário do que acontecia até bem pouco tempo, já não há mais uma cota mínima mensal de distribuição do preservativo.


“Atualmente, a pessoa vai ao posto de saúde e leva quantos preservativos quer. Nem é necessário apresentar a carteira. Isso é um avanço, pois até bem pouco tempo só conseguíamos entregar entre 10 e 15 por mês. Hoje é diferente, é claro que não podemos dar uma caixa, mas a pessoa tem mais ou menos uma noção de quantas relações ela costuma ter em um mês”, avaliou a coordenadora.


Medidas - Outras medidas também foram adotadas para levar mais ações de combate a Aids em Caxias. Uma delas foi o treinamento de agentes comunitários de saúde para a realização do teste rápido de HIV em moradores da zona rural.


Um serviço desse tipo é realizado no povoado Caxirimbu e atende também a outras localidades e muito em breve será levado também a outros povoados da zona rural. Dentro da cidade, as atividades são realizadas com segmentos específicos.


Na Central de Custódia de Presos de Justiça de Caxias (CCPJ), além de haver a distribuição diária de preservativos, os detentos receberão ainda este mês a visita dos técnicos do CTA que realizarão o teste rápido para diagnosticar o HIV.


Maria José Ferreira disse ainda que o mesmo trabalho será realizado com outro grupo, desta vez com os vendedores ambulantes filiados ao sindicato.


Dúvidas freqüentes


- Ainda há a distinção entre grupo de risco e grupo de não risco?


Essa distinção não existe mais. No começo da epidemia, pelo fato da Aids atingir, principalmente, os homens homossexuais, os usuários de drogas injetáveis e os hemofílicos, eles eram, à época, considerados grupos de risco. Atualmente, fala-se em comportamento de risco.


- Quanto tempo o HIV sobrevive em ambiente externo?


O vírus da Aids é bastante sensível ao meio externo. Estima-se que ele possa viver em torno de uma hora fora do organismo humano.


- Qual o tempo de sobrevida de um indivíduo portador do HIV?


Até o começo da década de 90, a Aids era considerada uma doença que levava à morte em um prazo relativamente curto. Porém, com o surgimento do coquetel (combinação de medicamentos responsáveis pelo atual tratamento de pacientes HIV positivo) as pessoas infectadas passaram a viver mais. Esse coquetel é capaz de manter a carga viral do sangue baixa, o que diminui os danos causados pelo HIV.